segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Durante o vendaval

E de repente você que vivia de certezas, passa a ver um túnel sem luz no fundo.
Várias sugestões passam pela sua cabeça, que logo começa a rodar antes mesmo de você cair deitado na cama.
Ventilador ligado, janela aberta, o vento balançando a cortina; tudo indicava que em breve começaria a chover. Que chova! Já existe uma tempestade na sua vida hoje, não vai ser mais uma chuva de verão que irá mudar seu humor.
Olhando ao redor, seu quarto parecia maior, mas era apenas a sensação de vazio que estava em seu peito transformado em alucinações. Sentia um enorme nó na garganta lembrando que na noite anterior estava dando risada com seus amigos, aqueles que sempre procurou quando precisava desabafar. Porém, naquele momento, a vontade de estar só era maior, algo superior até mesmo que suas próprias forças.
Tudo o que mais desejava era o fim daquela tormenta, uma tortura angustiante que o consumia pouco a pouco.
Voltaria a ver novamente aquela luz que lhe trazia alguma esperança?
Sabia que sim, que logo tudo iria estar resolvido. Apenas sentia se cansado, ou melhor, esgotado. Esta era a palavra que melhor definia seu estado de espírito. Sua alma ainda estava presente?
Apenas incertezas. As malditas surpresas que a vida nos proporciona.

2 comentários:

Unknown disse...

Durante o vendaval é que as folhas secas caem das árvores enfeitadas com laços repletos de poeira do natal passado. Durante o vendaval que as sementes voam até encontrar o local adequado para germinar... Esse vento louco que levanta a saia da moça simples e cala a boca dos fracos. É o vento que mata e cega. É o vento que atormenta e leva para longe. Cada vez mais distante.
O vento frio que tras a sensação do abraço. O sincero que refresca a alma e deixa frio por onde passa.

Damaris disse...

Venho como intrusa. Que seja. Vale a troca. Sempre vale. É praticamente tátil o nó que aperta o peito durante uma tormenta. Os mais sensíveis o sentem até mesmo no estômago. O caos absurdo que se passa em nossa mente. Mas a casa. Permanece a casa. Maior. Vazia. Reflexo do vazio interior. O vento que balança as cortinas é o mesmo que possivelmente levará a tormenta. O vento. O tempo. que sempre faz seu papel. De acalmar. Abrandar. Mas não o de resolver. Esse. É papel nosso. Apenas. "... E é de noite que tudo faz sentido, no silêncio não escuto meus gritos..."
Belo. Sutil. Profundo.